MPL ataca ‘pauta conservadora’ em protestos e se diz ‘a favor’ de partidos em ato

Após os diretórios municipais e estadual do PT chamarem sua militância para o ato em comemoração da revogação das tarifas de transporte público, que acontecem nesta quinta-feira (20) na avenida Paulista, representantes do MPL (Movimento Passe Livre) disseram que, mesmo esta não sendo uma vitória do PT –que poderia ter resolvido a questão e revogado o aumento muito tempo atrás–, «todos são bem-vindos». Slogans e cartazes ‘conservadores’, no entanto, foram criticados pelo grupo.
De acordo com Mayara Vivian, do MPL, «esta não é uma vitória do PT». «O Haddad [Fernando, prefeito de São Paulo] inclusive se recusou a usar o termo ‘revogar’ nas suas declarações. Está uma vitória da população, que se conscientizou e foi às ruas. O MPL nunca vai impedir ninguém de se manifestar. Somos apartidários, não contra os partidos», disse.
Em nota divulgada na quarta-feira (19), o diretório municipal do Partido dos Trabalhadores disse que «transporte público de qualidade e democratização do acesso são bandeiras também do PT».
Mesmo dizendo que o MPL não é contra a participação de legendas nos protestos, Mayara criticou diversas faixas e slogans gritados durante as manifestações dos últimos dias.
«Tem gente que não consegue nem mobilizar dez pessoas e leva uma faixa com dizeres horríveis, como coisas contra a legalização do aborto e outras. O MPL é anticapitalista e contra qualquer forma de opressão. Repudiamos várias das reivindicações feitas nos atos.». Nos protestos desta semana, alguns manifestantes levaram faixas pedindo a redução da maioridade penal e contra o aborto.
Presos por vandalismo
Os representantes do MPL se comprometeram a prestar auxílio jurídico a todos os manifestantes detidos e que respondem a processo – cerca de 60, segundo o movimento . Quanto ao caso de pessoas presas por saques e roubos, Mayara afirmou que «fica difícil saber se a pessoa realmente cometeu o crime do qual é acusada. Na terça-feira (18), após os saques, a PM prendeu manifestantes aleatoriamente.» O movimento afirmou que analisará caso a caso para identificar quem poderá ajudar e quais casos serão encaminhado à Defensoria Pública.
«A questão do encarceramento em massa de pessoas pobres é muito grave. O MPL não é juiz para dizer quem cometeu ou não cometeu um crime, mas somos contra vandalismo seja de manifestantes, seja do Estado», afirmou.
Revogação
Após seis atos populares –pacíficos e violentos– contra o aumento da tarifa do transporte coletivo em São Paulo, o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito da capital, Fernando Haddad (PT), anunciaram que a tarifa dos ônibus, metrô e trem voltará a ser de R$ 3. O anúncio foi feito durante uma coletiva de imprensa realizada na noite desta quarta-feira (19) no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado. Os dois governantes afirmaram que a revogação do aumento causará impacto nos investimentos e foi decidida para que a cidade retorne à normalidade.
«Quero dizer que no caso do metrô e trem, nós vamos revogar o reajuste dado, voltando a tarifa original de R$ 3. É um sacrifício grande, vamos ter que cortar investimentos, porque as empresas não têm como arcar com essa diferença. Vamos arcar com esses custos fazendo ajustes na área de investimentos», disse Alckmin.

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