Julgamento do ‘mensalão’ será filmado com José de Abreu no elenco

11/9/2013 12:00
Por Redação – de Porto Alegre
O ator José de Abreu, filiado ao PT, adiantou em sua página no Twitter que fechou um contrato para gravar o filme AP-470 – O Golpe Jurídico, que contará a história do julgamento mais rumoroso dos últimos tempos no Supremo Tribunal Federal (STF), conhecido como ‘ mensalão . Abreu, que integra o elenco da Rede Globo, grava atualmente a novela Joia Rara, na capital gaúcha, e disse a jornalistas do diário conservador gaúcho Zero Hora que pretende iniciar a pesquisa para o longa-metragem no ano que vem, com a ajuda do amigo José Dirceu, um dos réus do processo.
Zé de Abreu viverá um dos ministros do STF mas trabalhará também na produção do longa e acredita ser “uma obrigação da Agência Nacional do Cinema (Ancine) contribuir com o financiamento da obra”.
Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista ao Zero Hora:
— Com quem você fechou contrato para gravar o filme sobre o julgamento do ‘mensalão’?
— Não tenho nada ainda para falar. Foi só um primeiro contrato que eu fiz para garantir o nome. Ainda estou muito envolvido com a novela, vamos estrear Joia Rara (TV Globo), que é um dos maiores papéis da minha vida. Eu só coloquei mesmo (no Twitter) porque eu fiquei feliz, mas isso é coisa para o ano que vem.
— Você disse que vai interpretar um ministro. Será o Ricardo Lewandowski?
— Não sei qual ministro vou fazer, não temos roteiro ainda. Eu só publiquei para ser a primeira notícia. Não registramos ainda na Ancine (Agência Nacional do Cinema) nem na Biblioteca Nacional. Não tem roteiro, argumento, nada. Foi só para tornar público que existe um filme sendo preparado sobre o assunto.
— Como vai ser o processo de pesquisa?
— Eu também vou produzir. Sou muito amigo do Zé Dirceu, vou ter acesso a coisas importantes. Tem muita coisa pública. O Supremo Tribunal Federal (STF), quando publicar o acórdão, trará mais informações públicas. Os advogados do Dirceu também podem ajudar. Ainda não posso nem falar quem vai ser meu sócio. Mas a ideia é pegar o Palácio do Planalto, a Casa Civil, e depois pular já para o julgamento. A ideia do filme é o julgamento.
— Além do julgamento, terá uma abordagem de bastidores e mesmo do período pré-mensalão?
— Tem de ter bastidor. E tem muito material na imprensa para ajudar. Eu fiz um levantamento nos últimos 10 dias só de internet. É muito material para fazer um filme de duas horas. Óbvio que vamos precisar dos antecedentes da história, com a mudança do PT que perdia a eleição para o PT que ganha a eleição. Fiz umas pesquisas antes mesmo que algumas pessoas soubessem do meu interesse. Era meio óbvio que iria sair alguma coisa sobre esse julgamento. Talvez saia até mais de um filme.
— O fato de usar ao menos preliminarmente a expressão Ação Penal 470 (AP-470) no título do filme já é uma forma de negar a existência do ‘mensalão’?
— É como você falar de sabatina aos domingos. Alguém falou que houve pagamento mensal? Nem o Joaquim Barbosa (presidente do STF) falou em pagamento mensal. Tem sabatina aos domingos? É a mesma coisa. São essas coisas que a gente têm de discutir, mas tudo isso dramaticamente. Não vou fazer um documentário, vai ser um filme de ficção. Obviamente que não vão ser os mesmos nomes dos ministros do STF. Tem de ser uma coisa ficcionada. É como os americanos fazem.
— E como será retratada a face do “golpe jurídico”? Como ser convincente neste sentido?
— Vai depender muito da opinião que o filme vai ter. Ainda não acabou o julgamento. É cedo pra falar. Se você ler o Paulo Moreira Leite , o Jânio de Freitas, vai ver que existem vozes que levantaram-se contra esse julgamento. Sem isso, seria um tiro no pé. Mas tem muita gente boa que acha que está se fazendo um julgamento fora da curva. Não é um julgamento normal. Estou fazendo aqui uma divagação, a gente não sabe muito bem qual vai ser o caminho. A ideia é que a base do filme seja o julgamento, com flashbacks . Veja a questão do televisionamento ao vivo de um julgamento penal. O juiz de primeira instância não permite entrada de imprensa quando tem julgamento. E esse é todo aberto. São coisas que tornaram esse julgamento diferente.
— Entre os réus, ninguém admitiu uso do dinheiro do ‘mensalão’ para a compra de votos. Mas Delúbio Soares (ex-tesoureiro do PT) reconheceu o caixa 2. Como abordar isso na obra?
— Vamos tentar chegar o mais perto possível da verdade. A verdade para um não é a verdade para outro. Aí vai depender muito da pesquisa que a gente fizer, das informações de bastidores que a gente conseguir. Vai ser difícil, por exemplo, conversar com o Marcos Valério. Acho que ele vai querer vender o filme da história da vida dele para Hollywood. Ele não vai querer me dar entrevista.
— Quais outros personagens do caso poderão contribuir com a pesquisa?
— Obviamente que Delúbio, (Luiz) Gushiken e Zé Dirceu. Do outro lado, ainda não sei. Tem os outros deputados envolvidos. Não vou fazer um filme só com um lado. Agora, não sei quem mais poderia falar alguma coisa. Tem o Roberto Jefferson, que deve saber de muita coisa. Onde estão os U$ 4 milhões que ele disse que sumiram do cofre do partido em Brasília? E isso o STF também não pergunta. Mas basicamente esses contatos vão ser feitos pelo roteirista e pela sua equipe. Hoje já existem roteiristas no Brasil bem estruturados. Cobram caro, mas fazem um trabalho bom de pesquisa.
— Muitos artistas já se manifestaram e se engajaram politicamente. Mas, ultimamente, você é o artista que tem feito isso de forma mais contundente, frequente e pública. Não teme ficar estigmatizado como um petista fanático?
— Aqui na Globo , não. Se você entrar na página da novela Joia Rara , tem uma matéria sobre mim dizendo “Esquerdista José de Abreu vai fazer papel que é o seu oposto”. Eles assumiram que eu sou de esquerda sem o menor problema. Mas na hora em que acabar essa campanha (caso’ mensalão ’), também vou me recolher. É que estava precisando ter uma voz radical ao contrário, mas não sou daquele jeito. Aquilo é um avatar (perfil no Twitter ). É que pegaram muito pesado com essa história do ‘mensalão’. O PT virou a Geni. É coisa de louco. Também na imprensa, o (Ricardo, de O Globo ) Noblat fica xingando meus amigos de ladrão. Aí eu fico puto. Mas tenho ficado amigo de todos os jornalistas. Nenhum fica brabo comigo por eu bater neles.
— Filmes brasileiros geralmente são patrocinados pela Ancine e por estatais como a Petrobras. Mesmo sabendo que poderá gerar polêmica, você buscará esses financiamentos?
— Não vou fazer igual ao que fez o (Fábio) Barreto. O Barreto não quis pegar dinheiro do povo pra fazer o filme do Lula. É uma obrigação da Ancine dar dinheiro para qualquer filme. Não existe esse tipo de censura. Isso é coisa que o Barreto colocou na cabeça. Não tem o menor problema. Qual o problema? Talvez eu ache gente (empresários) que queira dar dinheiro, não sei. O empresário brasileiro não liga mais para isso.
— O orçamento do filme está pronto?
— O orçamento vamos fazer em cima do roteiro. Não deve ser nenhum absurdo, mas não é barato. Deve ser um filme de roteiro médio, com orçamento de R$ 6 ou R$ 7 milhões. Mas é um chute.
— Quem será o roteirista?
— O roteirista não é de esquerda, não é petista, nada disso. É um profissional do ramo, mas ainda não posso falar porque não está fechado.
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