Código Florestal virou ‘código agrário’, diz Marina

Política
Por Felipe Werneck
Brasília – «Vamos ter um intervalo para a Rio+20 e depois, pode ter certeza, será política de terra arrasada sobre a legislação ambiental brasileira», afirmou nesta sexta a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva. Após uma palestra para estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a ex-senadora e candidata derrotada na eleição presidencial de 2010 criticou o veto «periférico e insuficiente» da presidente Dilma Rousseff e avaliou que o Brasil não tem mais um Código Florestal, mas um «código agrário».
«É a primeira vez na história do País que eu vejo tanto retrocesso, em todos os governos. Independente de quem fosse, sempre havia um ganho, mesmo que fosse pequeno. É a primeira vez que só se tem perdas. Estão revogando o esforço de mais de 20 anos de regulação da governança ambiental», afirmou Marina, cercada por estudantes, em entrevista no prédio da Coppe, que congrega os programas de pós graduação e pesquisa de engenharia da UFRJ.
Apesar das críticas, ela disse que não faz oposição política à presidente Dilma. «Espero que rumos sejam corrigidos, que os sinais dados pela sociedade possam ajudar a corrigir. Eu tinha muita esperança de que esse gesto fosse feito no veto. Não foi. Agora temos o risco desse intervalo, porque o que fizeram foi ganhar tempo para atravessar a Rio+20», declarou. Segundo ela, já existem mais de 200 emendas para «piorar o texto do código». «O que será avaliado (no Congresso) é uma caixa de Pandora, com todas suas maldades».
Marina avaliou que está mantida a anistia para desmatadores e a redução de áreas protegidas. «Permaneceu o projeto do Senado, que tinha um texto péssimo, com agravamentos. Botaram todos os bodes na sala (na Câmara) para ficar com o texto do Senado e alguns bodes ainda.» Ela afirmou que os ruralistas querem – e estão conseguindo – transferir a ineficiência do setor para as florestas, com a liberação de fronteiras agrícolas. «Temos cerca de 120 milhões de hectares com pecuária improdutiva, que produz uma cabeça de gado por hectare, quando na Argentina já se produz 3.»Sobre as negociações para a Rio+20, Marina afirmou que a posição brasileira contrária à criação de uma agência global de meio ambiente «faz parte do rol de retrocessos». «Em 2007, eu e o ministro Celso Amorim fizemos um encontro com 46 países e nos perfilamos junto aos que defendem um organismo mais forte para o meio ambiente. Infelizmente, o Brasil agora voltou atrás. O melhor caminho é termos um mecanismo como a OMS para meio ambiente.» Para ela, o argumento do Itamaraty de que se deve buscar um órgão que trate das três dimensões do desenvolvimento sustentável (social, econômica e ambiental) é uma «desculpa para ficar no mesmo lugar, o da inércia». Para a ex-ministra, o País está desperdiçando a oportunidade de chegar à conferência da ONU de cabeça erguida ao tirar o meio ambiente do foco das discussões. «O Brasil perde a prerrogativa de liderar pelo exemplo.»
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Acerca de Nicolás Tereschuk (Escriba)

"Escriba" es Nicolás Tereschuk. Politólogo (UBA), Maestría en Sociologìa Económica (IDAES-UNSAM). Me interesa la política y la forma en que la política moldea lo económico (¿o era al revés?).

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