André Singer
Dois recados
A queda na aprovação de Dilma Rousseff interrompe um período de intenso encantamento do eleitorado com a presidente. Mas o sentido da mudança é diferente, a depender da faixa social para a qual se olhe. No meio mais rico, houve uma reviravolta. Já entre os de baixa renda, o sinal é antes de alerta que de abandono definitivo.
Como se pode ver na tabela abaixo, os eleitores com maior acesso à riqueza têm apresentado comportamento volátil. Nessa camada, entre agosto e dezembro de 2012, quando a situação de emprego e renda era positiva, diminuiu em dez pontos percentuais o número dos que declaravam ser ótimo ou bom o desempenho governamental. Porém, iniciado o difícil ano de 2013, com a inflação algo superior, o contentamento com o Executivo subiu 16 casas (março). Agora, caiu espetaculares 24 pontos.
Dada a maior atenção à pauta dos meios de comunicação, não apenas a economia deve estar por trás da ciclotimia da classe média. É provável que o aumento do preço do tomate e demais alimentos, além do preço dos serviços, sobretudo em abril, faça parte do pacote de insatisfação atual. No entanto, a ela devem ter se somado temas como a tentativa de barrar o partido de Marina Silva –que aparece na mesma pesquisa com 29% das intenções de voto no público com ensino superior– ou o tratamento da questão indígena, entre outros, para compor a paleta de motivos da rejeição a Dilma.
Quando a análise focaliza o eleitorado de baixa renda, o quadro é bem diferente. Há tempos estabilizado ao redor dos 60%, o apoio ao mandato em vigor também sofreu retração em junho, entretanto em proporção comparativamente pequena.
Essa queda mostra que a corrosão do poder de compra e um quadro de empregabilidade menos aquecido começam a repercutir na população trabalhadora das regiões metropolitanas, sobretudo no Sul e no Sudeste. A crença de que o desemprego vai diminuir recuou 14 pontos percentuais nos últimos três meses.
A julgar pelas eleições anteriores, o afastamento da renda superior tem cara de definitiva. Já a ruptura do alinhamento dos de baixo vai depender das decisões econômicas da própria Dilma.
Dois recados
A queda na aprovação de Dilma Rousseff interrompe um período de intenso encantamento do eleitorado com a presidente. Mas o sentido da mudança é diferente, a depender da faixa social para a qual se olhe. No meio mais rico, houve uma reviravolta. Já entre os de baixa renda, o sinal é antes de alerta que de abandono definitivo.
Como se pode ver na tabela abaixo, os eleitores com maior acesso à riqueza têm apresentado comportamento volátil. Nessa camada, entre agosto e dezembro de 2012, quando a situação de emprego e renda era positiva, diminuiu em dez pontos percentuais o número dos que declaravam ser ótimo ou bom o desempenho governamental. Porém, iniciado o difícil ano de 2013, com a inflação algo superior, o contentamento com o Executivo subiu 16 casas (março). Agora, caiu espetaculares 24 pontos.
Dada a maior atenção à pauta dos meios de comunicação, não apenas a economia deve estar por trás da ciclotimia da classe média. É provável que o aumento do preço do tomate e demais alimentos, além do preço dos serviços, sobretudo em abril, faça parte do pacote de insatisfação atual. No entanto, a ela devem ter se somado temas como a tentativa de barrar o partido de Marina Silva –que aparece na mesma pesquisa com 29% das intenções de voto no público com ensino superior– ou o tratamento da questão indígena, entre outros, para compor a paleta de motivos da rejeição a Dilma.
Quando a análise focaliza o eleitorado de baixa renda, o quadro é bem diferente. Há tempos estabilizado ao redor dos 60%, o apoio ao mandato em vigor também sofreu retração em junho, entretanto em proporção comparativamente pequena.
Essa queda mostra que a corrosão do poder de compra e um quadro de empregabilidade menos aquecido começam a repercutir na população trabalhadora das regiões metropolitanas, sobretudo no Sul e no Sudeste. A crença de que o desemprego vai diminuir recuou 14 pontos percentuais nos últimos três meses.
A julgar pelas eleições anteriores, o afastamento da renda superior tem cara de definitiva. Já a ruptura do alinhamento dos de baixo vai depender das decisões econômicas da própria Dilma.