O prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), veio mesmo para inovar. Não fez o tradicional discurso da vitória. Ele o leu num teleprompter. Um político de qualquer outro partido que assim procedesse seria alvo de ironia da imprensa vigilante e isenta. Não com o petista. Considera-se um sinal de profissionalização da campanha — afinal, o que importa é conteúdo… O professor universitário, mestre em direito, doutor em filosofia, não pode correr o risco de falar cinco minutos por sua conta e risco. É prudente! Na última vez em que pensou de improviso, considerou que um facínora que mata depois de ler livros e moralmente superior ao que mata sem lê-los. Teremos, enfim, um pensador na Prefeitura de São Paulo.
Ontem, o PT se manifestou de várias maneiras. Houve o discurso supostamente inclusivo e “moderno” de Haddad (está na home; leiam ali); houve a fala da vendeta de Marta Suplicy, que resolveu, acreditem!, criminalizar o tucano José Serra. Ela o acusou de “traiçoeiro”. Entendo! Onde já se viu vencê-la nas urnas em 2004? Isso não se faz! E houve a tropa fascista de José Genoino (ver post a respeito), que foi devolvido pela condenação sofrida no Supremo à sua real natureza. Agora dá para entender que tipo de sociedade este herói tinha na cabeça quando aderiu à guerrilha do Araguaia.
Tudo isso é PT: aquele que faz discurso “thutchuca”, lido no teleprompter, e o que saúda a suposta destruição de um adversário, como fez Marta; o que diz que vai atuar para diminuir a desigualdade e o que joga no chão uma senhora de 82 anos em sua fúria fascistoide.
Vamos ver quantas horas vai demorar para o partido divulgar uma nota oficial em que proclamará, ainda que por vias tortas, a absolvição dos mensaleiros, que teria sido dada pelo resultado nas urnas em São Paulo. Trata-se, obviamente, de uma falácia. Dos números ao mérito. O petista obteve na cidade 3.387.720 votos no segundo turno, para um eleitorado de 8.619.170 pessoas. É o legítimo prefeito eleito de São Paulo, dentro das regras do jogo, mas foi votado por apenas 39,3% dos que têm direito de participar do pleito. Isso significa que 60,7% dos eleitores paulistanos não votaram no candidato petista.
Se o PT pretenda que urna é tribunal, então é o caso de a gente pedir vênia, antes de dar uma botinada no traseiro teórico dos vigaristas, e lembrar que, fosse assim, os mensaleiros teriam sido condenados por uma ampla maioria: 60,7% a 39,3%. Aplicada a proporção a um grupo de 11 (número de ministros do), tem-se uma nova condenação 7 a 4…
Além da cascata mensaleira, também assistiremos ao triunfalismo, como se o partido houvesse logrado, realmente, uma vitória acachapante. Isso é falso! O PT venceu em São Paulo, sim, nas condições acima especificadas; teve um crescimento no número de municípios que vai administrar — de 550 para 634 —, mas cresceu em cidades pequenas e murchou em cidades médias. Tanto é assim que esse aumento de Prefeituras se deu com uma expansão de apenas 4% dos votos no primeiro turno. Hoje, administra seis capitais; ficará com quatro: além de São Paulo (sim, a joia da Coroa), conquistou as prefeituras de Rio Branco, João Pessoa e Goiânia. É bom lembrar que tinha candidatos cabeças de chapa em 17 capitais.
Quem acompanhou ontem o noticiário da TV e confiou em certos comentários ficou com a impressão de que o partido havia promovido uma verdadeira razia eleitoral Brasil afora, não deixando nem migalhas para os adversários ou aliados de ocasião. Isso é falso como nota de R$ 3.
Finalmente
Finalmente, não sei onde certo jornalismo andou estudando lógica. Talvez o professor seja o mesmo que deu aula de probabilidade para a turma que fez o kit gay de Haddad. Sustentar que o mensalão “não teve peso nenhum” na eleição é uma dessas bobagens que transformam o depois na causa do que veio antes.
Para saber se teve ou não, seria preciso realizar essa mesma eleição sem o tema “mensalão” em pauta. Quem pode assegurar que o resultado nas 13 capitais em que o PT não obteve êxito não seria outro? Quem pode assegurar que o partido não teria tido um desempenho melhor Brasil afora? O PT se organizou para fazer 800 prefeituras. Ficou bem abaixo disso.
De toda sorte, essa é e sempre foi uma pauta mais do PT do que da própria oposição. Foi o partido que se organizou para impedir que o julgamento se realizasse neste ano, justamente com medo das urnas, e que chegou a acusar uma tentativa de golpe…
Tirem a conquista da Prefeitura de São Paulo da conta para ver se a vitória é assim tão maiúscula. Os petistas sabem que podem enganar certo jornalismo, mas que não podem enganar a si mesmos. “Mas São Paulo está na conta, Reinaldo!” Eu sei! Basta, no entanto, atentar para as circunstâncias específicas, muito particulares, que deram a vitória ao partido na capital paulista para perceber que há menos aposta no PT do que expressão de certo desencanto. Falaremos muito a respeito
A minha disposição de confrontar a metafísica influente e os juízos bucéfalos é imensa. Meu blog terá mais de 4 milhões de acessos neste mês também por isso. O coro dos contentes combina a música e o tom, e eu vou lá e desafino. Com muito gosto, com muito prazer!
Texto publicado originalmente às 4h41
Ontem, o PT se manifestou de várias maneiras. Houve o discurso supostamente inclusivo e “moderno” de Haddad (está na home; leiam ali); houve a fala da vendeta de Marta Suplicy, que resolveu, acreditem!, criminalizar o tucano José Serra. Ela o acusou de “traiçoeiro”. Entendo! Onde já se viu vencê-la nas urnas em 2004? Isso não se faz! E houve a tropa fascista de José Genoino (ver post a respeito), que foi devolvido pela condenação sofrida no Supremo à sua real natureza. Agora dá para entender que tipo de sociedade este herói tinha na cabeça quando aderiu à guerrilha do Araguaia.
Tudo isso é PT: aquele que faz discurso “thutchuca”, lido no teleprompter, e o que saúda a suposta destruição de um adversário, como fez Marta; o que diz que vai atuar para diminuir a desigualdade e o que joga no chão uma senhora de 82 anos em sua fúria fascistoide.
Vamos ver quantas horas vai demorar para o partido divulgar uma nota oficial em que proclamará, ainda que por vias tortas, a absolvição dos mensaleiros, que teria sido dada pelo resultado nas urnas em São Paulo. Trata-se, obviamente, de uma falácia. Dos números ao mérito. O petista obteve na cidade 3.387.720 votos no segundo turno, para um eleitorado de 8.619.170 pessoas. É o legítimo prefeito eleito de São Paulo, dentro das regras do jogo, mas foi votado por apenas 39,3% dos que têm direito de participar do pleito. Isso significa que 60,7% dos eleitores paulistanos não votaram no candidato petista.
Se o PT pretenda que urna é tribunal, então é o caso de a gente pedir vênia, antes de dar uma botinada no traseiro teórico dos vigaristas, e lembrar que, fosse assim, os mensaleiros teriam sido condenados por uma ampla maioria: 60,7% a 39,3%. Aplicada a proporção a um grupo de 11 (número de ministros do), tem-se uma nova condenação 7 a 4…
Além da cascata mensaleira, também assistiremos ao triunfalismo, como se o partido houvesse logrado, realmente, uma vitória acachapante. Isso é falso! O PT venceu em São Paulo, sim, nas condições acima especificadas; teve um crescimento no número de municípios que vai administrar — de 550 para 634 —, mas cresceu em cidades pequenas e murchou em cidades médias. Tanto é assim que esse aumento de Prefeituras se deu com uma expansão de apenas 4% dos votos no primeiro turno. Hoje, administra seis capitais; ficará com quatro: além de São Paulo (sim, a joia da Coroa), conquistou as prefeituras de Rio Branco, João Pessoa e Goiânia. É bom lembrar que tinha candidatos cabeças de chapa em 17 capitais.
Quem acompanhou ontem o noticiário da TV e confiou em certos comentários ficou com a impressão de que o partido havia promovido uma verdadeira razia eleitoral Brasil afora, não deixando nem migalhas para os adversários ou aliados de ocasião. Isso é falso como nota de R$ 3.
Finalmente
Finalmente, não sei onde certo jornalismo andou estudando lógica. Talvez o professor seja o mesmo que deu aula de probabilidade para a turma que fez o kit gay de Haddad. Sustentar que o mensalão “não teve peso nenhum” na eleição é uma dessas bobagens que transformam o depois na causa do que veio antes.
Para saber se teve ou não, seria preciso realizar essa mesma eleição sem o tema “mensalão” em pauta. Quem pode assegurar que o resultado nas 13 capitais em que o PT não obteve êxito não seria outro? Quem pode assegurar que o partido não teria tido um desempenho melhor Brasil afora? O PT se organizou para fazer 800 prefeituras. Ficou bem abaixo disso.
De toda sorte, essa é e sempre foi uma pauta mais do PT do que da própria oposição. Foi o partido que se organizou para impedir que o julgamento se realizasse neste ano, justamente com medo das urnas, e que chegou a acusar uma tentativa de golpe…
Tirem a conquista da Prefeitura de São Paulo da conta para ver se a vitória é assim tão maiúscula. Os petistas sabem que podem enganar certo jornalismo, mas que não podem enganar a si mesmos. “Mas São Paulo está na conta, Reinaldo!” Eu sei! Basta, no entanto, atentar para as circunstâncias específicas, muito particulares, que deram a vitória ao partido na capital paulista para perceber que há menos aposta no PT do que expressão de certo desencanto. Falaremos muito a respeito
A minha disposição de confrontar a metafísica influente e os juízos bucéfalos é imensa. Meu blog terá mais de 4 milhões de acessos neste mês também por isso. O coro dos contentes combina a música e o tom, e eu vou lá e desafino. Com muito gosto, com muito prazer!
Texto publicado originalmente às 4h41
Juajuajua… Para el que no conozca a la revista Veja, le cuento que es un estilo Noticias, maccarta, vendehumo, operera, derechosa. Una mezcla teaparty de Carrió con Chiche Gelblung y Larrata. Un dechado de «periodismo independiente», vea. La nave insignia del «mensalao». Y se lo tuvieron que meter en el ojete.
Suponer que se puede ganar en base a escándalo tras escándalo, suponer que un buen escándalo suple la menesterosidad política que hay enfrente, es la estrategia QUE SIGUE FRACASANDO, por suerte no sólo aquí, sino en el mundo.
Seguila mamando, Veja.