NO FOCO
Dilma Rousseff e Lula na comemoração dos 35 anos do PT, em Belo Horizonte. Eles estão sob a mira da CPI (Foto: Alberto Wu/Futura Press)
Na CPI da Petrobras, os tucanos e a ala rebelde do PMDB lutam para que a Comissão centre seu foco no PT e – especialmente – na presidente . Os principais cargos na CPI foram ocupados por oposicionistas. O presidente é o deputado Hugo Motta, do PMDB, afilhado político do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. O vice-presidente é o tucano Antônio Imbassahy, um dos principais líderes da oposição (oficialmente, os tucanos trabalham contra o impeachment e pela “legalidade”. Na prática, querem ver sangue). Maioria na liderança da Comissão, a brigada anti-PT armou uma estratégia, inspirada no nome de uma bandeira de cartão de crédito (“Ver a Dilma sangrar não tem preço”, diz um dos integrantes do grupo). A ideia é concentrar os depoimentos em três personagens ligados ao PT: Renato Duque, ex-diretor da Área de Serviços da Petrobras, indicado pelo ex-ministro José Dirceu; João Vaccari, tesoureiro do partido, não se sabe até quando; e Ricardo Pessôa, presidente da construtora UTC, apontado em delações premiadas como coordenador de um “clube da propina”.
Duque já depôs. Ou melhor, ficou calado. Para forçá-lo a falar, dois integrantes da brigada anti-PT apresentaram requerimentos no dia 19 de março para ouvir a mulher de Duque, Maria Auxiliadora Tibúrcio. A ideia é pressionar Duque a assinar a delação premiada. A convocação de Vaccari foi aprovada na semana passada, junto com a de Luciano Coutinho, presidente do BNDES, e mais 14 pessoas, sendo a maioria ligada ao governo. Denunciado pelo Ministério Público Federal por corrupção e lavagem de dinheiro, Vaccari será submetido a uma longa sabatina. “Nosso objetivo é mirar no Vaccari para acertar na Dilma”, diz um parlamentar. Quando a convocação de Vaccari foi aprovada, alguns deputados ligados ao PT tentaram chamar os tesoureiros de todos os partidos. Não conseguiram. Os petistas também queriam ampliar a investigação para governos anteriores. Também foram derrotados – a CPI se debruçará apenas sobre fatos ocorridos entre 2005 e 2015.
>> Delatores do petrolão entregam os companheiros do PT
Os representantes do governo esboçaram reação na última semana, quando ameaçaram convocar operadores do esquema de corrupção na Petrobras. Entre os nomes que foram aventados estão o de Fernando Soares, o Baiano, e o do policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como Careca. O objetivo era que a presença desses lobistas na Comissão pudesse, de uma forma ou de outra, mudar o foco do noticiário para o PMDB e o PSDB. Baiano é apontado em delações premiadas e por investigadores da Lava Jato como o operador do PMDB. Se falasse, poderia implodir a liderança do Congresso. Em mais uma vitória, o PMDB, coordenado por Cunha, conseguiu barrar a convocação de Fernando Baiano na semana passada.
Os deputados da lista de Janot não serão convocados pela CPI. O estrago seria de grandes proporções
Discretamente, a CPI acelerou a contratação por R$ 1 milhão da empresa americana de investigações Kroll, indicada pelo presidente da CPI, Hugo Motta, sob o aval de Eduardo Cunha. A maior empresa de coleta de dados de inteligência do mundo entrou na lista negra do PT por ter se envolvido num episódio de espionagem durante o governo Lula. Segundo ÉPOCA apurou com membros da CPI, o foco da Kroll será seletivo. A empresa está incumbida de rastrear, no exterior, principalmente as contas e os bens de petistas ou operadores ligados ao PT. Procurada, a Kroll não se manifestou. Incomodados, alguns deputados do PT vão pedir para ter acesso ao contrato assinado com a Kroll – e questionar a escolha unilateral da companhia.
>> Os homens que sacodem o Brasil
Na guerra em que a CPI se transformou, os dois lados concordam em apenas dois pontos. Um é a preservação das grandes empreiteiras. Até agora, nenhum executivo das companhias responsáveis pelas maiores obras do país – e notórios financiadores das campanhas eleitorais – foi convocado na CPI da Petrobras. No Congresso, é consenso que quem “tocar nesse fio desencapado poderá ser eletrocutado”. Há também um acordo para não convocar os parlamentares relacionados na lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviada ao Supremo Tribunal Federal no início de março. Isso poderia causar uma explosão de grandes proporções no Congresso. E, como se viu até agora, o objetivo de situação e oposição é cuidar para que a bomba caia do outro lado da cerca.
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Dilma Rousseff e Lula na comemoração dos 35 anos do PT, em Belo Horizonte. Eles estão sob a mira da CPI (Foto: Alberto Wu/Futura Press)
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Duque já depôs. Ou melhor, ficou calado. Para forçá-lo a falar, dois integrantes da brigada anti-PT apresentaram requerimentos no dia 19 de março para ouvir a mulher de Duque, Maria Auxiliadora Tibúrcio. A ideia é pressionar Duque a assinar a delação premiada. A convocação de Vaccari foi aprovada na semana passada, junto com a de Luciano Coutinho, presidente do BNDES, e mais 14 pessoas, sendo a maioria ligada ao governo. Denunciado pelo Ministério Público Federal por corrupção e lavagem de dinheiro, Vaccari será submetido a uma longa sabatina. “Nosso objetivo é mirar no Vaccari para acertar na Dilma”, diz um parlamentar. Quando a convocação de Vaccari foi aprovada, alguns deputados ligados ao PT tentaram chamar os tesoureiros de todos os partidos. Não conseguiram. Os petistas também queriam ampliar a investigação para governos anteriores. Também foram derrotados – a CPI se debruçará apenas sobre fatos ocorridos entre 2005 e 2015.
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Discretamente, a CPI acelerou a contratação por R$ 1 milhão da empresa americana de investigações Kroll, indicada pelo presidente da CPI, Hugo Motta, sob o aval de Eduardo Cunha. A maior empresa de coleta de dados de inteligência do mundo entrou na lista negra do PT por ter se envolvido num episódio de espionagem durante o governo Lula. Segundo ÉPOCA apurou com membros da CPI, o foco da Kroll será seletivo. A empresa está incumbida de rastrear, no exterior, principalmente as contas e os bens de petistas ou operadores ligados ao PT. Procurada, a Kroll não se manifestou. Incomodados, alguns deputados do PT vão pedir para ter acesso ao contrato assinado com a Kroll – e questionar a escolha unilateral da companhia.
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