Dilma diz que Mantega não fica como ministro em um segundo mandato

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira (8), durante entrevista ao jornal «O Estado de S. Paulo» transmitida pela internet, que o ministro Guido Mantega, da Fazenda, não permanecerá no governo na hipótese de ela vir a ser reeleita.
«O Guido já me comunicou que ele não tem como ficar no governo em um segundo mandato por razões eminentemente pessoais que peço que vocês respeitem», declarou.
Na semana passada, a presidente já havia afirmado que fará mudanças em sua equipe de governo se vencer as eleições de outubro. Na ocasião, ela disse, sem detalhar quais pastas seriam alvo de alterações, que «governo novo, equipe nova».
Questionada se, com a substituição de Mantega, alterará a política econômica na hipótese de reeleição, Dilma voltou a mencionar, sem citar nomes, o episódio da eleição municipal de 1985, em São Paulo, e não respondeu. Na ocasião, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), à época candidato do PMDB à Prefeitura de São Paulo, posou para a imprensa sentado na cadeira do prefeito um dia antes da eleição. FHC perdeu para o ex-presidente Jânio Quadros.
Confrontada com a informação de que o adversário Aécio Neves (PSDB) já anunciou o nome do ministro da Fazenda caso seja eleito (Armínio Fraga), Dilma não quis falar sobre o eventual novo ocupante da pasta.
«Não vou nunca dizer quem vai ser ministro no meu segundo mandato, se porventura eu tiver. Quem indica ministro antes da hora, eu acho que dá azar. Da ultima vez que fizeram isso – você lembra – dá azar», declarou.
Dilma afirmou que poderá haver mudanças na economia porque o país «se preparou para essas mudanças». «Temos condições de diminuir alguns incentivos e outros não. Vamos continuar a garantir emprego e valorização do salário mínimo», disse.
Delação premiada
A presidente afirmou que recorrerá até ao Supremo Tribunal Federal (STF) para saber se há integrantes do governo envolvidos com as denúncias resultantes de delação premiada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso no Paraná.
Costa vem dando depoimentos diários a policiais federais e procuradores da República em troca da possibilidade de redução da pena. Nos depoimentos, ele delatou dezenas de senadores e deputados federais de três partidos (PT, PMDB e PP), governadores e um ministro como supostos beneficiários de um esquema de pagamento de propinas com dinheiro de contratos da Petrobras.
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Dilma afirmou que, após a divulgação das denúncias pela revista «Veja», determinou ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que fizesse um ofício à Polícia Federal pedindo acesso ao conteúdo dos depoimentos para saber se há algum funcionário ou agente do governo envolvido.
«Quando a PF respondeu que não pode, fiz ofício ao procurador-geral da República que me informe, para proceder às providências cabíveis […] Se o Ministério Público não for capaz de responder, vou pedir ao Supremo Tribunal Federal», declarou.
Segundo a presidente. ela necessita das informações oficiais porque não sabe se as informações divulgadas pela imprensa são verdadeiras. «Primeiro é preciso saber se isso é verdade. Então, eu quero essas informações. […] Quem vai falar isso para mim é quem investiga […] e não diz-que-diz-que. Quero a informação a mais aprofundada possível», afirmou.
A candidata disse que quem tem a «competência» para dar informações sobre o assunto é a Polícia Federal, o Ministério Público ou o Supremo Tribunal Federal. «Baseado na informação da imprensa, eu não posso condenar ou perdoar ninguém», disse.
Dilma também declarou considerar “surpreendente” o envolvimento de Paulo Roberto Costa nas denúncias de desvio de recursos da Petrobras. Ela negou que já tivesse tido informação sobre algum “malfeito” na estatal, e afirmou que teria tomado medidas caso soubesse de alguma irregularidade.
“É interessante que a gente lembre que esse diretor é do quadro de carreira da Petrobras, o que é mais estarrecedor […]. É surpreendente que ele faça isso. Isso nada tem a ver com gestão. Tem a ver com fato básico que há sempre que se ter muito cuidado com questão do uso indevido do dinheiro público”, afirmou.
«Meu telhado é cobertinho»
Em entrevista coletiva depois da sabatina de «O Estado de S. Paulo», a presidente Dilma Rousseff respondeu a declarações de seus adversários na campanha presidencial de que teria “responsabilidade política” pelas irregularidades na Petrobras. Para ela, o escândalo envolvendo a estatal está sendo usado de “forma eleitoreira”.
“Os dois candidatos não podem esquecer seus telhados. Eu não vou ficar aqui falando do telhado de ninguém. Mas eles devem olhar seus telhados. O meu telhado tem a firme investigação na investigação. Então é um telhado cobertinho, com Polícia Federal investigando, Ministério Público com autonomia”, afirmou a presidente.
Para Dilma, a responsabilidade do governo no caso da Petrobras é “investigar”, o que, segundo ela, ocorreu. “A minha responsabilidade é ter investigado a Petrobras. […] A parte relativa ao que estamos investigamos, estamos investigando porque descobrimos um esquema de lavagem de dinheiro e de corrupção. Agora, o tamanho desse esquema quem pode nos dizer é Ministério Público, Polícia Federal e Judiciário.”
Marina Silva
Indagada sobre o fato de sua propaganda eleitoral ter comparado a candidata Marina Silva (PSB) aos ex-presidentes Fernando Collor e Jânio Quadros, Dilma destacou que não fez nenhuma observação em relação a «caráter ou questão pessoal» de sua adversária do PSB. Para ela, Marina uma pessoa «bem intencionada».
«O que fiz de comparação com Jânio e Collor foi o seguinte: ambos governaram sem partido e sem apoio. Quem escolhe o deputado federal e o senador não é o presidente da República. Quem escolhe é o voto popular», disse Dilma, referindo-se ao fato de os partidos que apoiam Marina Silva terem poucos representantes no Congresso.
A petista também criticou as declarações da candidata do PSB de que irá implantar uma «nova política» no país, se vencer a eleição presidencial. Segundo Dilma, na opinião dela, só é possível mudar o modelo político brasileiro por meio de uma reforma política.
Ela, entretanto, reiterou que, na visão dela, somente será possível reformar o sistema político e eleitoral do país por meio de um plebiscito. A proposta vem sendo defendida pela presidente desde a onda de protestos de rua em junho do ano passado.
Lula em 2018
Questionada sobre como lida com pedidos pela volta de Lula ao governo a cada crise e se apoia um possível retorno do ex-presidente em 2018, Dilma afirmou que tem “relação forte, pessoal” com o petista, e que o apoia em “qualquer circunstância”. Ela também afirmou que aqueles que apostaram em conflito entre os dois em seu governo erraram.
“Convivi [com o Lula] de junho de 2005 até o dia que saí do governo. Convivi diariamente, encontrando 20 vezes por dia, encontrando o dia inteiro. Eu tenho amizade, gosto do lula, e tenho absoluta certeza que o Lula tem o mesmo afeto por mim. A mim não incomoda falar em “Volta Lula”, disse. “Estarei com ele em todas as circunstâncias, não só em 2018. Quando for necessário, estarei com ele”, completou.
Na entrevista, Dilma procurou, ainda, defender o governo pelo atraso em obras de infraestrutura. “Só não atrasa obra de engenharia quem não faz”, disse a presidente, após ser questionada sobre a demora para concluir a transposição do rio São Francisco. Ela também assumiu ter havido erros e improviso na execução do projeto, e disse que a complexidade da obra foi “subestimada”. Segundo Dilma, as obras devem ser concluídas até o final de 2016.
Dilma também respondeu a pergunta sobre a suposta crise diplomática que teria sido criada entre Brasil e os Estados Unidos no ano passado, após denúncias de que agentes de inteligências norte-americanos espionaram mensagens de autoridades, empresas e órgãos brasileiros. Segundo a presidente, “manteremos relação absolutamente normal com os Estados Unidos assim que eles também normalizarem essa questão [de espionagem]”.
Em 2013, a presidente cancelou visita de estado que seria feita aos Estados Unidos devido às denúncias, vazadas pelo ex-agente de inteligência norte-americano Edward Snowden. Segundo Dilma, o cancelamento foi feito de comum acordo, para evitar “ficar dando” explicação sobre temas que não diziam respeito diretamente ao encontro. Ela disse que existe a previsão de conversa com o governo norte-americano após as eleições.

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